Muchas Lanzas

Muitas Lanças

Muchas Lanzas

Já tem o passado na sua frenteYa tienes el pasado por delante
Queria ver o que você faz com o barroQuisiera ver lo que haces con el cieno
Quem sabe eu pego e faço um ninhoLo mismo lo recojo a ver si me hago un nido

Que tenha um grito erranteQue tenga un alarido trashumante
Lixado por um carpinteiro desajeitadoLijado por un torpe carpintero
E deixarei aos seus pés o mundo prometidoY dejaré a sus pies el mundo prometido

Comecei a resmungar e já era tardeMe puse a rezongar y se hizo tarde
E então não quis mais ser palmeiroY entonces ya no quise ser palmero
Nem ser aquele garoto da primeira vezNi ser aquel chiquillo de la vez primera

E agora que não tem pau que me aguenteY ahora que no hay palo que me aguante
Apoiado na beirada do tinteiroPosado en la baranda del tintero
Espero a chegada de qualquer umEspero la llegada de cualquier cualquiera

De repente, um passo me despertouDe pronto una pisada me desperezó
Chorava de um jeito que cortava a respiraçãoLloraba que cortaba la respiración
Pedindo pra eu me desenamorarPidiendo que me desenamorara
Que deixasse um beijo em cada feridaQue le dejara un beso en cada llaga
Me deu uma facada e desapareceuMe dio una cuchillada y desapareció

Arranco de manhã em um alardeArranco de mañana en un alarde
De vontade de vender um pouco de insôniaDe ganas de vender algo de insomnio
E passo pela sua porta sem te fazer honrasY paso por tu puerta sin rendirte honores

E ofereço sete mil jorros de sangueY ofrezco siete mil chorros de sangre
Vindo da fonte do CamborioLlegados de la fuente del Camborio
A quem me trouxer vivo aquele que viveu de amoresA quien me traiga vivo al que vivió de amores

A maçaneta não soava quando clareouLa aldaba no sonaba cuando esclareció
Gemendo e não podia, e o Sol riaGemía y no podía y se reía el Sol
Tive que beber a madrugadaMe tuve que beber la madrugada
Que ainda continua descontroladaQue todavía sigue desbocada
Trotando pelas minhas veias como um percherãoTrotando por mis venas como un percherón

No meu peito se partiram muitas lançasEn mi pecho se han partido muchas lanzas
E seus pedaços fabricaram minha esperançaY sus trozos fabricaron mi esperanza
Tão sedenta porque no fundo da minha almaTan sedienta porque al fondo de mi alma
Há um poço, mas a corda não alcançaHay un pozo, pero la soga no alcanza

Os anéis caem na nascenteSe caen los anillos en el nacedero
Que continua penando por mimQue sigue penando por mí
Que anseia encontrar o calorQue anhela encontrar el calor

Que um dia me deu, caso eu sentisse faltaQue un día me dio por si echaba de menos
Do lugar de onde partiEl sitio de donde partí
E a minha caveira esperouY a mi calavera esperó

De repente, um passo me despertouDe pronto una pisada me desperezó
Chorava de um jeito que cortava a respiraçãoLloraba que cortaba la respiración
Pedindo pra eu me desenamorarPidiendo que me desenamorara
Que deixasse um beijo em cada feridaQue le dejara un beso en cada llaga
Me deu uma facada e desapareceuMe dio una cuchillada y desapareció

No meu peito se partiram muitas lançasEn mi pecho se han partido muchas lanzas
E seus pedaços fabricaram minha esperançaY sus trozos fabricaron mi esperanza
Tão sedenta porque no fundo da minha almaTan sedienta porque al fondo de mi alma
Há um poço, mas a corda não alcançaHay un pozo, pero la soga no alcanza