Encouraçado

Solidão e resistência em "Encouraçado" de Maria Bethânia

"Encouraçado", interpretada por Maria Bethânia, apresenta um contraste marcante entre uma atmosfera de aparente conforto e um sentimento profundo de exílio e rebeldia. O eu lírico se define como "bandoleiro", "proscrito" e "fora da lei", deixando claro que sua exclusão vai além do físico, atingindo também o plano existencial e social. Expressões como "encouraçado nos meus agasalhos" e "nesta lentíssima espreguiçadeira" indicam uma espécie de armadura emocional, uma tentativa de se proteger do mundo externo. A repetição de "eu quero, eu quero, eu quero" reforça o desejo intenso de afirmação e pertencimento, mesmo diante do isolamento.

A letra faz referências a lugares como Palestina, China e Abissínia, ampliando o sentimento de deslocamento e evocando conflitos históricos que dialogam com a ideia de exílio e busca por identidade. A citação à "doce madrugada de Sodoma" e à tomada pelos índios "à mão armada" traz imagens de transgressão e resistência, sugerindo que o personagem observa, de longe, movimentos de ruptura e transformação. Composta por Sueli Costa e Tite de Lemos, e marcada pela interpretação intensa de Maria Bethânia, a canção explora temas como solidão, desafio às origens e a busca constante por um lugar no mundo, tudo isso envolto em uma atmosfera introspectiva e melancólica.