Pagode do Remédio

Humor e crítica social em "Pagode do Remédio" de Mariana Santos

"Pagode do Remédio", de Mariana Santos, faz uma releitura irônica de uma cantiga infantil para abordar a medicalização da saúde mental nos dias de hoje. Ao trocar o antigo conselho de "boas palmadas" da música "Samba lelê" por uma lista de medicamentos como Rivotril, Frontal, Lexotan, Lexapro e Sertralina, a artista evidencia, de forma leve e bem-humorada, como a sociedade passou a tratar questões emocionais e psicológicas. O uso repetido dos nomes dos remédios, no ritmo de roda, destaca tanto a banalização quanto a presença constante desses medicamentos na vida de quem enfrenta ansiedade e insônia.

A inspiração para a música vem das próprias experiências de Mariana Santos com crises de ansiedade e pânico, o que traz autenticidade e identificação ao público. Trechos como a menção ao Dramin "só pra dormir" e o desejo de "oito horinhas de sono" mostram o cansaço e a busca por alívio de quem convive com transtornos mentais. O sucesso da música nas redes sociais transformou-a em um desabafo coletivo, revelando que, apesar do tom descontraído, existe uma crítica à dependência de medicamentos e à dificuldade de encontrar soluções simples para problemas complexos. Assim, a paródia consegue equilibrar humor e crítica social, refletindo de forma atual como lidamos com o sofrimento psíquico.