Lacreme Napulitane

Solidão e saudade em "Lacreme Napulitane" de Massimo Ranieri

"Lacreme Napulitane", interpretada por Massimo Ranieri, retrata de forma direta o sofrimento dos emigrantes napolitanos que buscaram uma vida melhor nos Estados Unidos no início do século XX. A música destaca o contraste entre o sucesso material e a dor emocional da distância, como no verso “E nce ne costa lacreme st'America a nuje Napulitane!” (E quanto custa de lágrimas esta América para nós napolitanos!). Mesmo conquistando algum dinheiro, o protagonista sente o peso da saudade e da solidão, um sentimento intensificado pelo contexto histórico da emigração italiana.

A letra é apresentada como uma carta à mãe, revelando a dor da separação familiar e a nostalgia das tradições natalinas de Nápoles. Trechos como “Comme vurría appiccia' duje o tre biangale, comme vurría sentí nu zampugnaro!” (Como eu queria acender dois ou três lampiões, como eu queria ouvir um tocador de gaita!) mostram o desejo de reviver pequenos rituais e manter os laços afetivos, mesmo à distância. O verso “Mo tengo quacche dollaro, e mme pare ca nun só' stato maje tanto pezzente!” (Agora tenho alguns dólares, e me parece que nunca fui tão pobre!) evidencia o paradoxo do emigrante: apesar do dinheiro, sente-se mais pobre por ter perdido a casa, a pátria e o pertencimento. A canção se tornou um símbolo da dor, da dignidade e da resiliência dos napolitanos diante do exílio, com as "lacreme" representando tanto tristeza quanto força para seguir em frente.