4Tal (part. Teto)

Contrastes urbanos e cultura local em “4Tal (part. Teto)”

“4Tal (part. Teto)”, de Matuê, retrata Fortaleza como um lugar de contrastes, onde ostentação, prazer e perigo se misturam no cotidiano. O verso “cuidado com a carniça / Em jogo fácil, é urubu que tá em cima” usa gírias locais para alertar sobre pessoas oportunistas e predadores sociais, reforçando o clima de tensão e desconfiança típico da vida urbana na capital cearense. A letra faz referência a locais reais, como Iparana e Reggae Club, e utiliza expressões como “paranga tá de prima” e “haxixe tá um grude”, mostrando a influência da cultura local, especialmente no consumo de drogas e na celebração da noite.

A ostentação aparece de forma direta em frases como “meu Rolex não é daqueles que é da China” e “tô lotando minha garagem”, evidenciando o desejo de ascensão social e a valorização de conquistas materiais autênticas. Ao mesmo tempo, a música revela uma postura de resistência e sobrevivência diante das adversidades, como em “pra doença do vacilo, eu tomei vacina” e “a Babilônia é pra quem tem força e sagacidade”. A menção a Exu, entidade do candomblé, reforça a ideia de resiliência e proteção espiritual, especialmente ao se declarar “mal compreendido tipo Exu”. O verso “hoje tá nevando em Fortal, mudou o clima” sugere tanto a presença de drogas quanto mudanças no ambiente social. Assim, “4Tal” constrói um retrato complexo da vida em Fortaleza, equilibrando celebração, ostentação e cautela diante dos desafios urbanos.