O Roceiro

“O Roceiro”: crítica social e orgulho rural na voz do campo

A música “O Roceiro”, de Mauricio e Mauri, retrata de forma direta a realidade do trabalhador rural brasileiro, com destaque para a figura do intermediário, também chamado de atravessador. Nos versos “É que um tal de intermediário / Sem ter jeito de operário / Vem colhendo muito mais em meu lugar”, a canção faz uma crítica clara à exploração do homem do campo, mostrando como quem planta e colhe acaba recebendo menos do que quem apenas intermedeia a venda dos produtos. Esse tema é recorrente no sertanejo e reforça a valorização das tradições rurais presentes na obra da dupla.

A letra também aborda o sentimento de deslocamento do protagonista, que chega à cidade em busca de melhores condições, carregando a esperança de ser acolhido: “Me ensine algum carinho aonde procurar / Não repare esse meu jeito de caipira / Só preciso achar alguém pra me escutar”. O pedido de orientação e aceitação revela a vulnerabilidade de quem deixa suas raízes por necessidade, mas sem perder o orgulho de sua origem. Ao final, a música diferencia as dificuldades naturais do campo, como “seca”, “enchente” e “insetos”, das injustiças causadas pelos atravessadores, deixando claro que a indignação do roceiro é direcionada a quem se aproveita de seu trabalho: “Só condeno esses senhores / Meros atravessadores / Que utilizam minha vida pra viver”. Assim, “O Roceiro” se destaca como um retrato sincero da luta e dignidade do homem do campo, reforçando a identidade sertaneja de Mauricio e Mauri.