Sou o Que Eu Sei

Identidade e boemia em "Sou o Que Eu Sei" de Mauro Diniz

Em "Sou o Que Eu Sei", Mauro Diniz faz um retrato honesto de si mesmo ao assumir suas escolhas e imperfeições, especialmente ao retomar hábitos ligados à boemia, como mostra o verso: “voltei a fumar, beber e madrugar”. Ele reconhece que tentou se afastar desse estilo de vida, buscando se encaixar em padrões mais convencionais, mas percebeu que isso o afastou de sua verdadeira essência, como revela: “Mas tudo acabou de se perder / Por que fui querer me transformar”. O retorno à boemia, mesmo “sem dinheiro”, não é visto como fracasso, mas como um reencontro com sua autenticidade, valorizando ser fiel a si mesmo acima das expectativas dos outros.

A música traz também uma melancolia resignada ao abordar a solidão e a busca por pertencimento. Trechos como “me encontro mesmo como eu sei” e “no exílio cumpri meu papel” mostram que, apesar das perdas e afastamentos, Mauro sente orgulho de ter vivido conforme sua natureza. O verso “domicílio de malandro é o léu / é o céu que não se fez” usa a gíria “léu” (rua, desamparo) para reforçar a ideia de que o destino do boêmio é errante, sem lar fixo, mas sem arrependimentos. As referências às “cordas do meu violão” e aos “sambas, nos Maracanãs, nas rodas e mesas de bar” conectam sua trajetória pessoal ao universo do samba, ambiente em que Mauro Diniz cresceu, especialmente ligado à Portela e à boemia carioca. Assim, a canção expressa a aceitação de uma identidade autêntica, mesmo que isso signifique viver à margem dos sonhos tradicionais.