Dispidida

Crescimento e autonomia em "Dispidida" de Mayra Andrade

A música "Dispidida", interpretada por Mayra Andrade e composta por Orlando Pantera, explora o tema da despedida como um processo de autoconhecimento e busca por autonomia. O verso “Katorzi mi dja-m bá nha kaminhu / Mi ki s'ta fika ku mi” (“Catorze vou seguir o meu caminho, quero ficar sozinha”) evidencia a decisão de trilhar um caminho próprio, mesmo diante da dor e da solidão. Essa escolha reflete não apenas o afastamento de alguém, mas também a necessidade de se reconectar consigo mesma e de afirmar a própria identidade, um tema recorrente na cultura cabo-verdiana e nas composições de Pantera.

A letra também aborda a dor íntima e o encerramento de ciclos, como em “Es dor ki m-áita leba diáxi mi só ki buskâ-l” (“Essa dor que tenho só a mim pertence”). Aqui, a despedida é vista como um rompimento com antigas versões de si mesma ou com situações que já não fazem sentido. A interpretação de Mayra Andrade, que moderniza o batuque, reforça a ligação entre tradição e contemporaneidade, refletindo sua trajetória artística entre diferentes culturas. Assim, "Dispidida" se apresenta como um retrato sensível do amadurecimento, mostrando que a separação, apesar de dolorosa, é fundamental para o crescimento e a liberdade individual.