Aquele Tal Combinado

Códigos e cotidiano periférico em “Aquele Tal Combinado”

“Aquele Tal Combinado”, de MC Anjim, retrata de forma direta e sem rodeios a realidade das periferias de Belo Horizonte. A letra utiliza uma linguagem explícita para abordar relações sexuais, acordos informais e o dia a dia da quebrada, refletindo o ambiente do funk mineiro. Um ponto importante é como a música revela códigos de convivência e lealdade entre os personagens, mesmo em meio ao tom escrachado. O verso “Calma não conto pros cria aquele tal combinado” mostra a existência de um pacto de silêncio e respeito, típico das relações de confiança nas comunidades retratadas pelo artista.

A repetição de frases como “tô comendo as bucetinha sem gasta do meu dinheiro” e “isso quer dizer que meu barraco é um Puteiro” reforça tanto a ostentação e o status dentro do território quanto a precariedade e a informalidade dessas relações. O uso do ritmo e das gírias locais aproxima a música da vivência real dos moradores, misturando humor, crítica social e a exposição crua da realidade. MC Anjim, ao brincar com o duplo sentido do “barraco” ser um “puteiro”, evidencia a mistura entre busca por prazer, necessidade de manter acordos e a complexidade das relações na periferia.