Reabilitação

“Reabilitação”: crítica social e resistência à marginalização

Em “Reabilitação”, MC Barriga faz uma crítica direta à forma como a sociedade lida com jovens negros e periféricos envolvidos no crime. O protagonista rejeita a "reabilitação" imposta pelo sistema, deixando claro que sua trajetória não é resultado de uma escolha individual, mas sim de um contexto de opressão e falta de oportunidades. Ao dizer “não fiz o que fiz pois não queria ser mais um preto fodido”, ele evidencia o dilema entre buscar uma vida digna e ser empurrado para a marginalização, mostrando que o crime, muitas vezes, surge como resposta à exclusão social.

A letra é marcada por uma linguagem direta e realista, narrando a história de um jovem que, mesmo ouvindo os conselhos da mãe para seguir o caminho "correto", opta pela criminalidade devido à promessa de retorno financeiro imediato: “Eu falo mãe isso ai não é pra mim lá na biqueira ta rendendo muito mais”. O orgulho do filho ao receber presentes e se sentir “rei” na favela mostra como o crime pode ser visto como uma forma de ascensão social em ambientes de exclusão. No entanto, a música também aborda as consequências desse caminho, como a prisão e o ciclo de violência. Mesmo encarcerado, o protagonista resiste à narrativa de arrependimento e redenção imposta pelo sistema, como fica claro no verso “ladrão não se aposenta, ainda corre o risco de tirar cadeia levar uns tiros filho no pai não se espelha”. Assim, “Reabilitação” retrata de forma crua as escolhas forçadas pela desigualdade e a luta por dignidade em meio à opressão.