Muita Atividade (part. Borges e TZ da Coronel)

“Muita Atividade (part. Borges e TZ da Coronel)” em ação

O refrão transforma “muita atividade” em regra de sobrevivência: estar sempre atento e em movimento para não “virar saudade”. Em Bielzin, “falcão” une estética e tática: é o olheiro que domina “os alto” e também o título do álbum de estreia do artista, reforçando a visão de cima e o controle do morro. Lançada em 13/09/2022 com Borges e TZ da Coronel, a faixa encena a rotina de vigilância da favela carioca — “Operação, águia sobrevoando”, “Traçante passa nos alto cortando” — em que “águia” remete ao helicóptero policial e “traçante” às balas que riscam o céu. O clima é de tensão e luto (“Quantos amigo eu perdi esse ano?”), amarrado à fé como apoio emocional e escudo moral: “Só Deus pode me julgar” / “Menor, rezo a Deus que te guarde”. A vigilância é coletiva e organizada: “Cria dos alto monitora o beco”, “Quadrado formado, cada um já tá no seu plantão”; “sensor de mandado” nomeia o faro para operações, e “fogos estalaram” sinaliza a chegada da polícia.

Os versos também codificam convivência e lealdade, com punição ao vacilo: “Nós não aceita vacilação”, “Cobiçar a mulher do amigo é bala”, “Se você caguetar, vai ser bala”. Em “se não defender minoria, é bala”, “minoria” pode ser tanto os mais fracos da comunidade quanto o próprio grupo, indicando um código rígido. Há profissionalismo no crime (“Gestão não falha”, “calculista e calmo”), com fuga na XRE, e frieza forjada pelo luto: “Tantos que eu perdi pra vida bandida que hoje em dia já não sinto mais nada”. Em paralelo, aparece a ambição de manter o “Comércio vendendo”, sem romantização: “Cadeia mó massacre e a morte ninguém sabe”. No conjunto, “muita atividade” condensa risco, sobrevivência e status: ficar “na infra” e na “sagacidade” protege a vida e a posição; baixar a guarda é virar lembrança.