FUI

Contradições e recaídas em "FUI" de MC Cabelinho

"FUI", de MC Cabelinho, aborda de forma direta o conflito entre o desejo de desapego e a dificuldade real de superar um relacionamento marcante. Logo no início, o verso “Eu nunca fui de me prender a nada / Nunca fui de me prender a ninguém, mas...” mostra que, apesar de se considerar desapegado, o artista não consegue ignorar o impacto da relação vivida. Esse sentimento está ligado ao contexto do EP "Êxtase", em que Cabelinho explora um lado mais romântico e sensual, inspirado por experiências pessoais, especialmente após um término importante.

A letra trata de recaídas e saudade, mostrando que, mesmo tentando seguir em frente, as lembranças e a atração física continuam presentes. Versos como “Se a gente tiver uma recaída, tá na cara que não superamo ainda” e “Vamo curtir a recaída hoje sem falar de briga” deixam claro que ambos reconhecem que não superaram o passado, mas preferem aproveitar o momento sem cobranças. Expressões como “joga a culpa na bebida” e referências ao “gin com esse finin” (cigarro de maconha) reforçam o tom descontraído e a busca por prazer imediato, enquanto escondem a dificuldade de lidar com sentimentos não resolvidos. O refrão “É que a gente não vai voltar, fui / Atrás do balde que eu chutei um dia, eu fui” usa a metáfora de “chutar o balde” para ilustrar a decisão de terminar, mas também a tentação de revisitar o passado. MC Cabelinho retrata, assim, a honestidade sobre não conseguir amar "pela metade" e o ciclo de recaídas que marcam muitos relacionamentos.