Pena Provisória

Solidariedade e resistência em “Pena Provisória” de Mc Caçula

Em “Pena Provisória”, Mc Caçula aborda a realidade do sistema prisional brasileiro a partir de uma perspectiva pessoal e comunitária. A repetição da frase “a pena é provisória e logo vai voltar” expressa não só a esperança concreta de liberdade, mas também uma crítica ao encarceramento injusto ou temporário de um amigo. O tom direto, com termos como “irmão” e “mano”, reforça o sentimento de solidariedade e apoio entre os membros da comunidade, mostrando que, mesmo diante das dificuldades e da falta de recursos para pagar a fiança, a união permanece forte. Isso fica claro em versos como “não vai ter nosso dinheiro, bota a roupa no canalha”, que evidenciam a indignação diante das injustiças e a resistência em ceder à pressão do sistema.

A música também destaca o sentimento de injustiça social, especialmente ao afirmar “na cadeia nunca foi o teu lugar” e ao mostrar que a favela pede a liberdade do amigo. O trecho “quando a rebelião na cadeia estourar, é que a favela pede sua liberdade já” pode ser entendido tanto como um desejo coletivo de justiça quanto como uma metáfora para a resistência das comunidades periféricas diante da opressão policial e judicial. Referências ao “grampo”, ao delegado e ao advogado evidenciam a presença constante do aparato policial e jurídico na vida desses jovens. Assim, Mc Caçula mistura denúncia, esperança e companheirismo, retratando a luta diária das periferias brasileiras contra a injustiça.