Meu Corre (part. Djonga)

Realidade e resistência em "Meu Corre (part. Djonga)"

"Meu Corre (part. Djonga)", de MC Caverinha, ganha ainda mais relevância por ter sido lançada logo após o assassinato de João Alberto, conectando a letra ao debate urgente sobre racismo e violência contra a população negra no Brasil. O verso “prometi pra minha mãe que nunca ia pegar no revólver / Mesmo quando eu senti fome” mostra a pressão constante sobre jovens negros das periferias, que muitas vezes são levados à criminalidade pela falta de oportunidades, mas resistem por princípios e pelo desejo de não decepcionar suas famílias.

MC Caverinha e Djonga usam suas experiências para retratar a luta diária de quem cresce em ambientes marcados pela escassez e pelo preconceito. A referência a “oito boca com 800 contos ou menos” e “a mãe preta analfabeta é que entende de economia” valoriza a inteligência e a resiliência das mães negras, que, mesmo sem acesso à educação formal, conseguem administrar a sobrevivência da família. O trecho “Hoje todo mundo se envolve / Isso é tão difícil pra mim” revela o incômodo com a hipocrisia de quem antes ignorava suas dificuldades e agora quer se associar ao sucesso conquistado com muito esforço. Assim, a música é um retrato realista da superação, mas também uma denúncia das estruturas sociais que perpetuam a desigualdade e o racismo.