Cemiterio de Nave

A Rebeldia e a Realidade das Ruas em 'Cemitério de Nave' de Mc D'R

A música 'Cemitério de Nave' de Mc D'R é uma representação vívida da vida nas periferias urbanas, onde a realidade é dura e a rebeldia é uma forma de resistência. A letra fala sobre a prática de 'sacar' motos de cemitérios, uma metáfora para a recuperação de veículos abandonados ou roubados, que são então usados para circular pela favela. A descrição das motos, com traseira de trator e frente de tanque de guerra, sugere uma adaptação e improvisação, características comuns em ambientes onde os recursos são escassos.

O uso de faróis Xenon e a menção a marcas de motos como Kawasaki, Transalp e Ducati indicam um desejo de ostentação e status, mesmo que esses veículos sejam obtidos de maneiras não convencionais. A letra também aborda a relação com a autoridade, representada pelos 'comandão', e a necessidade de desviar deles para evitar a perda das motos. Isso reflete a constante tensão entre os moradores das favelas e as forças de segurança, um tema recorrente no funk e no rap brasileiros.

Além disso, a música toca em questões de lealdade e amor, como na parte em que a morena diz estar apaixonada pelo 'menorzinho drack vilão'. A expressão 'se cair a casa tu fecha na bala ou vai me deixar na prisão' revela a realidade brutal de que, em muitos casos, a violência é vista como a única saída. A repetição do refrão 'O cemitério tá entupido de nave' reforça a ideia de que, apesar das dificuldades, há um certo orgulho e identidade na posse dessas motos, mesmo que elas venham de um 'cemitério'. A música, portanto, é um retrato cru e autêntico da vida nas favelas, onde a criatividade e a resistência são essenciais para a sobrevivência.