Cemitério de Nave

Realidade periférica e ostentação em “Cemitério de Nave”

“Cemitério de Nave”, de MC DR, aborda de forma direta a relação dos jovens da periferia com as motocicletas de alta cilindrada, conhecidas como “naves”. O título e o refrão fazem referência ao “cemitério de nave”, expressão usada para descrever locais onde motos roubadas ou desmontadas são guardadas, refletindo uma realidade presente em muitos bairros periféricos. Ao citar marcas como Kawasaki, Triumph, Transalp e Ducati, MC DR destaca tanto o desejo de consumo quanto a ostentação ligada a essas motos, além dos riscos envolvidos, já que a letra menciona motos sem placa e a necessidade de “desviar dos comandão” (polícia).

A música mistura orgulho, adrenalina e desafio, como nos versos “Farol Xenon tá no alto / Pros mal olhado se cegar” e “Vou tirar de giro no ouvido dos fraudes”, que mostram a busca por respeito e reconhecimento dentro da comunidade. O trecho “E se cair a casa tu fecha na bala / Ou vai me deixar na prisão” evidencia a tensão entre liberdade e repressão policial, além da lealdade entre parceiros. O uso de gírias e imagens como “saquei do túmulo o robô cadáver” reforça o tom urbano e sugere a ressignificação de motos que já tiveram outros donos ou passaram por situações ilícitas. Assim, MC DR retrata não só a paixão pelas motos, mas também as contradições, perigos e desafios do cotidiano nas periferias, onde ostentação, sobrevivência e confronto com a autoridade se misturam.