Mataram o Gangan

Violência cotidiana nas favelas em “Mataram o Gangan”

"Mataram o Gangan", de MC Frank, retrata de forma direta e sem rodeios um episódio de violência nas comunidades do Rio de Janeiro. O título e o refrão repetitivo destacam o impacto da morte de Gangan, personagem que, segundo a letra, foi assassinado a tiros. O uso de gírias como "bonde" (grupo de pessoas) e "atividade" (atenção, vigilância) reforça a ligação com o funk carioca, gênero conhecido por abordar a realidade das favelas, incluindo conflitos entre grupos rivais e a presença constante da violência.

A letra chama atenção para o fato de o crime ter ocorrido no Dia das Crianças, o que acentua o contraste entre a data festiva e o ato violento, mostrando como a violência se tornou parte do cotidiano, mesmo em momentos que deveriam ser de celebração. MC Frank cita bairros como São Gonçalo, Niterói e São Carlos, situando a narrativa em áreas reais do Rio de Janeiro e dando autenticidade ao relato. O trecho “Gangan filho da puta tomou dois tirão no peito / Tentou tomar Vigário pensou que era o bam-bam-bam” indica que Gangan estava envolvido em disputas territoriais e acabou morto por tentar dominar uma área chamada Vigário. Já o verso “na hora d morrer pediu pelo amor de Deus!” mostra a vulnerabilidade do personagem diante da morte, enquanto o lamento do "bonde de são carlos" evidencia o impacto da perda para o grupo.

Sem informações sobre um caso real ou sobre MC Frank, a música funciona como um retrato do cotidiano violento das periferias cariocas. O tom objetivo e a ausência de julgamento moral reforçam o papel do funk como crônica musical, expondo a dura realidade das comunidades sem romantização.