Cheio de Sal

Humor e irreverência no cotidiano em “Cheio de Sal”

Em “Cheio de Sal”, MC Gorila utiliza a expressão do título como uma metáfora de duplo sentido, misturando humor escrachado e situações do cotidiano. O termo pode se referir tanto a uma experiência sensorial inesperada durante o sexo, possivelmente relacionada a fluidos corporais, quanto a momentos embaraçosos e imprevisíveis que surgem na intimidade. O artista transforma o que poderia ser constrangedor em algo leve e divertido, mostrando sua habilidade de tratar temas cotidianos sem pudores e com irreverência.

A repetição do refrão e a descrição direta dos acontecimentos — “passei a mão, passei o dedinho / subiu um cheirinho” — reforçam a naturalidade com que o funk carioca aborda o sexo, sem rodeios. O trecho “dei uma de maluco / prendi a respiração / dei uma linguada / e estava cheio de sal” mostra tanto coragem quanto resignação diante do inesperado, funcionando como uma sátira à busca pelo prazer mesmo em situações desconfortáveis. O contexto da Rocinha e a tradição do funk em tratar tabus com humor e realismo também estão presentes, evidenciando como MC Gorila transforma experiências comuns em narrativas engraçadas e acessíveis para o público.