Ano de Copa (part. MC Joãozinho VT e MC Kako)

Contrastes sociais e crítica em “Ano de Copa” de MC Hariel

“Ano de Copa (part. MC Joãozinho VT e MC Kako)”, de MC Hariel, utiliza o clima festivo e a esperança que marcam os anos de Copa do Mundo para expor a permanência da violência e do abandono nas favelas, mesmo quando o país se une em torno do futebol. O contraste entre a rua enfeitada para a Copa e a mesma rua “lavada de sangue” mostra como as melhorias e a atenção recebidas pelas comunidades são superficiais e passageiras, enquanto a dura realidade permanece. Ao citar Neymar e Vinícius Júnior, a música vai além do futebol: esses nomes simbolizam o sonho de ascensão social dos jovens da periferia, que muitas vezes precisam “driblar” situações de risco, como o tráfico, por falta de oportunidades reais.

A crítica política é clara, especialmente ao mencionar escândalos como Lava Jato e Mensalão, evidenciando a descrença nos políticos que só aparecem em época de eleição e desviam o foco dos problemas reais. A repetição da frase “quem dera o tiro na testa fosse só de informação” traz um duplo sentido marcante: o “tiro” representa tanto a violência literal quanto a falta de acesso à educação, sugerindo que o conhecimento poderia ser a verdadeira arma de transformação social. A referência à música de Adoniran Barbosa reforça a tradição de retratar a marginalização urbana na cultura brasileira. Assim, “Ano de Copa” propõe uma reflexão sobre como grandes eventos esportivos podem mascarar desigualdades, enquanto a luta diária por dignidade e sobrevivência segue invisível para grande parte da sociedade.