Ninguém Tá Puro

Contradições e desejos em "Ninguém Tá Puro" de MC IG

"Ninguém Tá Puro", de MC IG, explora a tensão entre a busca por afeto e o desejo por prazeres imediatos e status. Logo no início, o verso “umas quero amor, outras eu só quero sexo” deixa clara a ambiguidade do personagem, que oscila entre carência emocional e hedonismo. Ele admite um vazio interno, tentando preenchê-lo com dinheiro e conquistas, como mostra o trecho “vazio por dentro, mas o bolso tá como”. Aqui, MC IG evidencia que o sucesso material não resolve questões existenciais, apenas serve como disfarce temporário.

A música também aborda a posição contraditória do artista: marginalizado e admirado ao mesmo tempo, como em “o perdido, o mais procurado”. MC IG assume uma identidade complexa, sendo julgado pela sociedade, mas também desejado por ela. A referência a “vingo a escravidão à vista” traz um simbolismo forte, sugerindo que, ao ostentar e consumir, ele inverte papéis históricos de opressão, usando o dinheiro como forma de poder e revanche. A letra mistura confissão, ostentação e crítica social, mostrando que, nesse contexto, ninguém é totalmente inocente ou “puro” – todos compartilham das mesmas contradições e excessos.