2 Mil e Pouco (part. Mano Fler)

Superação e vivências reais em "2 Mil e Pouco (part. Mano Fler)"

"2 Mil e Pouco (part. Mano Fler)", de MC Kako, destaca-se pela forma direta com que transforma lembranças simples do passado em símbolos de luta e superação. Elementos como a mochila pesada, o chinelo branco e a CG representam a rotina difícil de quem cresceu na periferia, mas também a autenticidade e a força de quem nunca teve nada fácil. O título e os versos iniciais situam o ouvinte em um tempo de dificuldades, mas também de verdade, mostrando que o "corre" começou cedo. O trecho “Pegava o bonde às sete e meia / Pra trampar às oito e meia / Agora o palco é três e meia” evidencia o contraste entre a antiga rotina de trabalhador comum e a conquista do palco, sem perder a humildade de quem ainda se surpreende com o próprio sucesso: “Cantando pra uma pá de louco que nem me conhece / Mas se amarra no meu som e deles eu também sou fã”.

A letra traz várias referências ao cotidiano da periferia, como “chinelando tudo desde 1-9-9-7” e “sou do tempo do disquete”, mostrando como a vivência de rua moldou o caráter dos artistas. Mano Fler reforça esse olhar realista ao descrever as ruas do Paraná com metáforas como “a rua é lâmpada sem soquete”, falando da falta de estrutura e segurança, e “a vida é sem massagem”, ressaltando a dureza da vida para quem vem de baixo. A menção a Sabotage, “Se eu me tornar um terço do que foi um Sabotage / Deixaria de ser mais um”, revela respeito e inspiração, mostrando que o objetivo é deixar uma marca verdadeira. O refrão, “Mais abusado que ontem / Mais duro que amanhã / Toca o barco pra frente / Eu vou morrer tentando”, resume o espírito de persistência e esperança de quem não se acomoda diante das dificuldades.