A Vida É Um Jogo

Crítica social e desigualdade em “A Vida É Um Jogo”

Em “A Vida É Um Jogo”, MC Kako utiliza a metáfora do tabuleiro para questionar a ideia de meritocracia e expor a desigualdade social. O verso “O rei e o peão volta pro mesmo tabuleiro” destaca que, independentemente da posição social, todos compartilham o mesmo destino final, mostrando a efemeridade das conquistas materiais. A música vai além ao mostrar como as regras do “jogo” da vida são feitas para favorecer os privilegiados, enquanto as pessoas das classes populares enfrentam falta de preparo e orientação para lidar com os desafios do cotidiano.

A letra acompanha a trajetória de um trabalhador comum, filho de José e dona Maria, que abandona sonhos e estudos para sustentar a família, mas acaba preso em um ciclo de exploração e frustração. MC Kako se inspira nas dificuldades reais das classes trabalhadoras brasileiras, retratando a rotina exaustiva, o salário insuficiente e a pressão das contas. O contraste entre a vida do trabalhador e a impunidade dos políticos corruptos aparece em versos como “Enquanto o chefe de estado sem vergonha engravatado tira o pão da minha mesa / O senhor manda a conta pra mim”, evidenciando a sensação de injustiça diante de um sistema desigual. O desfecho trágico, com o protagonista recorrendo ao crime e sendo morto, serve como alerta para os perigos do desespero causado pela pobreza. Ao repetir o refrão, MC Kako reforça que, apesar das diferenças sociais, todos acabam “no mesmo tabuleiro”, questionando a busca por bens materiais diante da inevitabilidade da morte e denunciando as regras injustas do “jogo” social.