Tudo Nosso

Orgulho e resistência periférica em “Tudo Nosso” de MC Kauan

“Tudo Nosso”, de MC Kauan, retrata de forma direta a autossuficiência e o senso de pertencimento das comunidades periféricas. Logo no início, o artista afirma: “o governo aqui não se envolve / porque os problemas das quebrada é nós que resolve”, deixando claro que, diante da ausência do Estado, são os próprios moradores que se organizam para enfrentar as dificuldades. Esse trecho reforça a união e a força coletiva presentes na periferia.

O refrão “É tudo nosso, o que não for nós toma” resume o espírito de apropriação e resistência, mostrando que a comunidade assume o controle do próprio destino e não aceita ser deixada de lado. MC Kauan também valoriza a identidade local ao citar bairros, amigos e figuras conhecidas, como em “Eu vou ligar na Zona Leste, Guaianases / Alô, quero falar com o Brian”, criando uma rede de solidariedade entre os moradores. Ao mencionar conquistas materiais, como “comprei uma Lamborghini, só pra ver se corre”, e festas de luxo, o artista exalta vitórias pessoais e desafia estereótipos sobre a favela, mostrando que o sucesso também é possível para quem vem de baixo. O tom da música mistura celebração e aviso, como em “Bater de frente é suicídio / Porque aqui nós ta pesado, no estilo Osama”, reforçando o respeito e a força da comunidade. No geral, “Tudo Nosso” é um retrato autêntico da vida na quebrada, marcado por orgulho, lealdade e a luta constante por reconhecimento e autonomia.