Necomancia (part. Gloria Groove)

Empoderamento e resistência queer em “Necomancia”

O título “Necomancia (part. Gloria Groove)” já indica a proposta ousada da faixa: Linn da Quebrada e Gloria Groove unem referências a "necromancia", "bicha" e "macumba" para transformar práticas e identidades historicamente marginalizadas em símbolos de poder e resistência LGBTQIA+. A letra assume esse papel de manifesto ao ressignificar insultos e estigmas, como em “Ai que bixa, ai que baixa, ai que bruxa”, devolvendo essas palavras como afirmações de orgulho e identidade. O verso “Isso aqui é bixaria, eu faço necomancia” reforça a ideia de que celebrar a cultura queer é um ato mágico e subversivo, capaz de desafiar normas e preconceitos.

A música também confronta diretamente a violência e o machismo, como em “Deixa sua piroca bem guardada na cueca / Se você encostar em mim faço picadinho de neca”. Linn inverte a lógica da ameaça, mostrando que a força está do lado de quem sempre foi alvo de opressão. A presença de Gloria Groove fortalece esse discurso, simbolizando a união de vozes trans e drag queens na busca por respeito e visibilidade. Ao afirmar “Eu tenho fogo no rabo, melanina, poucos reais / Eu sou tão misteriosa / Oculta sendo voraz”, Linn celebra sua existência múltipla e periférica, mostrando que sobreviver e brilhar nessas condições é, por si só, um ato de magia e resistência. “Necomancia” se destaca como um hino de empoderamento, irreverência e transformação da dor em força.