Karma (part. N.I.N.A.)

Empoderamento e ironia em "Karma (part. N.I.N.A.)" de MC Luanna

Em "Karma (part. N.I.N.A.)", MC Luanna e N.I.N.A. utilizam ironia e inversão de papéis para desafiar o estigma da mulher considerada "vilã" em situações de traição. Logo no início, a frase “castigo pra puta pra mim é colírio, amor” mostra como as artistas subvertem insultos e expõem a hipocrisia de quem julga, mas também trai. A metáfora da cobra, presente em “Olha cobra, Deus não te deu asa / Porque rastejando você fez pior”, reforça a ideia de traição e rivalidade, mas também sugere que o verdadeiro perigo está em quem age de forma dissimulada, não em quem assume seus desejos abertamente.

O contexto do álbum "Para Todos os Garotos que já Mamei" e a abordagem direta das artistas deixam claro que a música é um manifesto de empoderamento feminino. A letra confronta tanto a mulher "rival" quanto o homem infiel, recusando o papel de vítima e adotando uma postura de autodefesa e orgulho: “Leal a mim e fiel a quem amo, filha / Quer amor, pede pra mãe”. O tom irônico aparece ao ridicularizar a busca por reconhecimento como amante e ao inverter insultos, como em “Troca o vulgo: Braba e forte / Pra: Marmita de marido”. A música também critica a competição entre mulheres, mostrando que, enquanto uma se vangloria da suposta vitória, a outra já superou a situação: “Pior que eu não tô nem andando mais pra lá / É os macho de lá que tá vindo pra cá agora”. No fim, a mensagem é de afirmação da própria força, sem espaço para culpa ou arrependimento diante de relações marcadas por deslealdade.