Poetisas no Topo 3 (part. Ajuliacosta, Mac Júlia, Budah, Maru2D, Sodomita e N.I.N.A)

Empoderamento e resistência em "Poetisas no Topo 3"

"Poetisas no Topo 3 (part. Ajuliacosta, Mac Júlia, Budah, Maru2D, Sodomita e N.I.N.A)", de MC Luanna, destaca a força das mulheres no rap ao transformar experiências de opressão em afirmação de poder e identidade. O verso de N.I.N.A, “Sem licença pra chegar / Aqui é a dona do lugar”, deixa claro o tom de enfrentamento e autoconfiança, refletindo o objetivo do projeto de impulsionar vozes femininas em um cenário historicamente dominado por homens. Referências a outras mulheres, como Rachel Reis, e à proteção espiritual reforçam a importância da inspiração coletiva e da fé como fontes de força.

As letras abordam diretamente o machismo estrutural da indústria musical. Ajuliacosta critica a objetificação e o descarte das mulheres, alertando para a necessidade de autonomia: “Essa gravadora quer te pôr na geladeira / Quer aproveitar da idade, da sua rima e sua beleza / Eles não quer algo que é bom, só quer algo que venda”. Mac Júlia e Sodomita abordam a sexualidade de forma aberta, subvertendo discursos preconceituosos sobre corpos femininos e LGBTQIA+, enquanto Sodomita desafia estigmas ao se autodefinir como “travesti bandida”. Maru2D e Budah reforçam a autossuficiência e criticam a superficialidade do rap atual, além de abordar racismo e política, com menções à direita e a Bolsonaro.

Lançada no Mês da Mulher, a música ganha ainda mais significado ao mostrar que a resistência feminina no rap é também conquista de espaço, autonomia financeira e construção de novas referências. MC Luanna encerra com um recado direto sobre desigualdade social e racismo: “Ele se acha empresário só porque já nasceu branco / Avisa que a favela chora, nós é CNPJ”. Assim, a faixa se consolida como um manifesto de empoderamento, denúncia e inspiração para outras mulheres.