Griot

A ancestralidade e resistência em “Griot” de MC Marechal

Em “Griot”, MC Marechal se apresenta como um mensageiro contemporâneo, inspirado nos griots da África Ocidental, que eram responsáveis por preservar e transmitir a história e a cultura de seus povos por meio da tradição oral. Ao dizer “Mensageiro sim senhor / Vagabundo se emociona / Porque sente o espírito dos ancestrais, Griot!”, Marechal reforça sua ligação com a ancestralidade africana e destaca que seu rap vai além do entretenimento: é um compromisso com a memória, a luta e a consciência social de seu povo.

A letra traz críticas diretas à indústria musical e ao sistema educacional. Marechal rejeita a influência das gravadoras — “E foda-se pras gravadora, não rendo e monto a minha” — e valoriza a produção independente, mostrando que sua prioridade é a autenticidade e o impacto social de sua arte. Ele também denuncia práticas escolares que perpetuam desigualdades e propõe alternativas como bibliotecas comunitárias e centros de estudo avançado, alinhando-se à sua ideologia “Um Só Caminho” e à proposta da “Batalha do Conhecimento”. Ao citar líderes como Malcolm X, Mandela e Luther King, Marechal se coloca na tradição de quem luta por justiça e igualdade, usando o rap como ferramenta de resistência, educação e transformação social. “Griot” é, assim, um manifesto de lealdade à cultura, à comunidade e à busca por um futuro mais justo.