Fazendo o Recolhe

Liberdade e ostentação em "Fazendo o Recolhe" de MC Menor da VG

"Fazendo o Recolhe", de MC Menor da VG, retrata de forma direta e irreverente o cotidiano das festas e bailes das periferias de São Paulo, característica marcante do funk proibidão. A letra, apesar de escrachada e sexualmente explícita, celebra a liberdade e a ostentação conquistadas pelo artista e seu grupo. Isso marca a transição de MC Menor da VG do funk consciente para o universo do proibidão e ostentação. Trechos como “passamos tudo no cartão a vista” e “nós tamo no corre nós tamo na pista” reforçam a ideia de ascensão social e de um estilo de vida voltado para o consumo e o prazer imediato, elementos centrais do funk ostentação.

A música utiliza gírias e metáforas típicas do baile, como “fazendo o recolhe” (referência ao ato de conquistar parceiros nas festas) e “pajé papa xota” (brincadeira que mistura a figura do pajé, líder espiritual indígena, com a ideia de ser um conquistador sexual). O verso “Lá no Japão você já tá ligado / Japonesa tem pepeca de lado” traz um estereótipo sexualizado, reforçando o tom provocativo e o humor do gênero. O refrão repetitivo “Não quero arrumar emprego / Vou viver igual vagabundo / Vou fuder fuder fuder fuder fuder com todo mundo” sintetiza a recusa das normas tradicionais de trabalho e comportamento, exaltando o hedonismo e a rebeldia presentes no funk proibidão. Assim, a música reflete tanto a realidade das periferias quanto a busca por prazer e autonomia, sem se preocupar com julgamentos externos.