Os Mandrake Curti a Vida (part. MC Ryan SP)

Ascensão em “Os Mandrake Curti a Vida (part. MC Ryan SP)”

A faixa de MC Paulin da Capital com MC Ryan SP parte da ideia de que ostentação é projeto de vida, não só pose: “os mandrake curte a vida” significa aproveitar o fruto do trampo com meta e consciência. No funk paulista, “Mandrake” é o moleque da quebrada com estilo de marca; aqui, vira identidade coletiva e vitória compartilhada. A narrativa é de virada: do “chinelo havaiana” no barro ao “Golf Sportline”, do corre humilde ao “dólar do Spotify”, símbolo da ascensão pela música. Há consumo premium — “Hoje eu fumo do purple, skunk ou ice” —, mas o motor é a disciplina: “eu caneto mais”, escrever mais sons para seguir crescendo. O topo do plano é a família: “meta é casa/goma pros meus pais” (goma = casa). Os códigos de luxo — “zona sul”, “tomar salute”, “pé na piscina” no “condomínio” — aparecem junto do orgulho de origem, condensado em “Hoje o maloqueiro curte a vida”.

No campo afetivo, a letra expõe a superficialidade das relações. “Te jurei amor… só por não ter dinheiro” denuncia interesse; “se eu fosse bigode, passar cartão, vender droga” sugere que, se fosse do crime (bigode), teria atenção. A recusa vem com identidade: “não era a mesma fita do Paulin”, escolha pelo corre limpo e pela autenticidade. Por isso, “Cê não gosta de mim, cê gosta do que eu vou bancar” funciona como filtro, e “se voar a de cem, a calça desce” ironiza o efeito do cash imediato. “Bora pro Atlântico, cê tá com o tubarão” joga com duplo sentido: rolê de luxo no litoral/um pico chamado Atlântico e a imagem do “tubarão” como quem domina o jogo, atraindo para a “perdição”. No fim, dinheiro e consumo surgem como troféus de superação, sem perder a base: família, quebrada e mérito do próprio corre.