PCC Contra Ataca

Violência e lealdade em “PCC Contra Ataca” de MC Primo

Em “PCC Contra Ataca”, MC Primo expõe de forma direta a lógica de retaliação e a cultura de violência presentes nas facções criminosas, especialmente o PCC, citado explicitamente na música. O verso repetido “Se pega um de nós, nós pega 10 de vocês” deixa clara a ideia de resposta desproporcional a qualquer ataque, reforçando a união do grupo e servindo como ameaça aos rivais. Esse clima de confronto é típico do chamado "funk proibidão", gênero que retrata a realidade das periferias marcadas pela presença do crime organizado. A trajetória de MC Primo, assassinado em 2013, reforça a conexão entre a letra e o cotidiano violento das comunidades.

A música também destaca valores como lealdade e coragem, essenciais para quem faz parte do grupo, como mostram trechos como “tem que ser forte e fiel pra se envolve no comando” e “favela periferia é o bonde do arrebento”. Metáforas como “ninguém tem peito de aço mas é tudo terrorista” e “moleque corpo fechado é disposição pior que veneno de escorpião” transmitem a ideia de invulnerabilidade e disposição para enfrentar perigos. O desejo de jovens em integrar a facção, expresso em “me diz que quando crescer quer fazer parte da facção”, evidencia o poder de atração desse universo para quem vive à margem, sugerindo que o crime aparece como alternativa de respeito e ascensão social.

Por abordar e até glorificar a estrutura e os valores do PCC, a música gerou polêmica e discussões sobre apologia ao crime, levando plataformas a cogitarem sua remoção. Assim, “PCC Contra Ataca” se torna um retrato cru da exclusão social e do ciclo de violência que marcam a vida de muitos jovens nas periferias brasileiras.