Sonho Possível

Superação, lealdade e fé em “Sonho Possível”, de MC Rah

Em “Sonho Possível”, MC Rah equilibra o desejo de conquista material com uma ética de fé e resiliência. Quando cita “foguetão” e “a goma tão sonhada”, fala de carro e casa, típicos do imaginário do funk, mas também da decolagem social: sair do aperto e conquistar respeito. O chamado “Iaê, menor” apresenta a cena de alguém mais vivido orientando um jovem da quebrada a correr atrás, insistir e manter a cabeça no lugar. “Os veneno que cê tá passando” aponta para perrengue, tentação e inveja; a saída se ancora na fé. Expressões como “nosso Deus não dorme” e “ele tá lá” funcionam como amparo emocional e espiritual, reforçando que perseverar é esforço somado a confiança.

A faixa também expõe a dinâmica dos falsos aliados: “os que dão risada… vai querer colar” e “querem te ver bem, só que melhor que eles cê não pode tá”. É o código das ruas, em que o sucesso atrai interesse, mas nem sempre apoio verdadeiro; “colar” aqui é encostar por conveniência. A repetição de verbos de ação — “acredita”, “corre”, “não desista” — atua como mantra motivacional típico do funk de superação. O refrão promete a virada em “uma hora vai”, tratando o sonho como meta concreta. No conjunto, a música mistura sonho, persistência e fé para acalmar e dar coragem: foco no trampo, blindagem contra a desconfiança alheia e confiança em Deus como combustível para a subida — o “foguetão” decolar no tempo certo.