Menor Infrator

A juventude periférica e o estigma em “Menor Infrator”

“Menor Infrator”, de MC Rhamon, expõe de forma direta a realidade dos jovens das periferias, especialmente ao abordar como são rotulados e estigmatizados pela sociedade. A expressão “os menor é chucreza, porém mo pureza” mostra a dualidade desses adolescentes: vistos como duros ou perigosos por quem está de fora, mas carregando uma inocência e autenticidade próprias, muitas vezes ignoradas. O título da música e o termo “menor infrator” fazem referência ao modo como a mídia e o sistema jurídico reforçam o preconceito e a criminalização da juventude periférica.

A letra mistura relatos do cotidiano, como a busca por lazer e a necessidade de se manter “na atividade” para sobreviver, com gírias e metáforas que revelam tanto a dureza quanto a leveza do dia a dia. O verso “comer vagabunda é terapia” pode ser entendido como uma forma de aliviar tensões e buscar prazer em meio à pressão constante, mas também sugere uma crítica à intensidade e superficialidade das relações nesse contexto. Elementos como “a peça na cinta” e “boqueta quentao nas veia” reforçam o ambiente de risco e a necessidade de estar sempre alerta. Ao mesmo tempo, frases como “só quer viver em paz na vida” evidenciam o desejo simples de tranquilidade, em contraste com a marginalização imposta. A parceria com DJ DuBom contribui para esse retrato, unindo batidas marcantes à narrativa direta de MC Rhamon.