Ilusão

“Ilusão”: reconciliação, orgulho e rumor no brega funk

“Ilusão” expõe o choque entre vulnerabilidade e orgulho. Ele admite “Eu não consigo viver sem o teu amor”, mas endurece na sequência: “Eu não preciso mentir tô vivendo feliz”. Essa oscilação mostra a defesa de quem quer reconciliação sem parecer fraco, deixando a narrativa no meio da briga. Ao dizer “Você se deixou levar por uma ilusão / Agora fica sofrendo na solidão”, ele acusa a parceira de ter comprado boatos ou expectativas irreais.

A letra embaralha as vozes do casal. Versos como “Deixou de sair nada me humilhava / Saia com seus amigos só de manhã chegava” soam como a resposta dela, apontando negligência e noitadas. Daí o duplo sentido do título: “ilusão” pode ser o rumor que separou os dois, mas também a fantasia de que ele realmente “deixou de sair, deixou de curtir”, mudança que talvez não se sustente. Mesmo assim, ele insiste: “não vou desistir só pra gente ser feliz”, inclinando a balança para o pedido de volta, não para a autoproteção. Lançada em 2020, a faixa leva a marca do brega funk pernambucano que Mc Sheldon ajudou a popularizar no Recife: batidas dançantes embalando conflitos reais de relacionamento. O carimbo “É o mc sheldon falando de amor!” reforça a estética direta, de rua, que transforma discussão de casal em refrão grudante. No fim, a canção encena um jogo de acusações e arrependimentos, com “ilusão” como pivô de várias leituras: engano, ciúme, expectativa quebrada e autoengano de quem finge estar “feliz” para não admitir a falta do outro.