Brasil de Quem? (Parte 6)

Hipocrisia e crítica social em “Brasil de Quem? (Parte 6)”

Em “Brasil de Quem? (Parte 6)”, MC Sid faz uma crítica direta e irônica aos apoiadores de Bolsonaro, destacando as contradições e hipocrisias presentes em seus discursos. Ele ridiculariza medos comuns desse grupo, como o suposto "fechamento de igrejas" ou o receio de que "o filho vai virar gay", e mostra como esses mesmos apoiadores desvalorizam os temores reais de minorias, como a comunidade LGBTQIA+ e adeptos de religiões de matriz africana, chamando-os de "mimimi". O verso “Quando aumentou o desemprego, ou a polícia matou o negro / Tu tirou uma resposta do rego: Isso é mimimi” evidencia a indiferença diante da violência e da desigualdade social, reforçando a crítica à falta de empatia.

A letra também denuncia a manipulação religiosa e política, citando nomes como Edir Macedo e André Valadão para mostrar como líderes religiosos usam a fé para fins eleitorais e interesses financeiros. Sid aponta: “Cê acredita nisso porque seu pastor é ladrão / Prega mais sobre eleição e mensalão do que Cristo e salvação”, criticando a instrumentalização da religião no contexto do bolsonarismo. Além disso, o rapper ironiza a propagação de fake news e a alienação causada pelo consumo acrítico de informações, especialmente via WhatsApp. Por fim, Sid destaca o duplo padrão no tratamento de manifestações políticas, onde protestos da direita recebem tratamento brando da polícia, enquanto movimentos de trabalhadores são reprimidos com violência. A referência ao “quadro surrealista” de Salvador Dalí reforça o absurdo da situação política, mostrando como quem prega “bandido bom é bandido morto” também comete crimes e é tratado com condescendência. A música se consolida como um retrato ácido das distorções e intolerâncias do Brasil recente, alinhando-se ao compromisso de Sid com a denúncia social.