Confissões

Hipocrisia social e resistência em "Confissões" de MC Sid

Em "Confissões", MC Sid faz uma crítica direta à hipocrisia social e política, especialmente ao abordar a contradição entre a proibição do aborto e a indiferença diante da morte de jovens nas periferias. No verso “Porque cê não pode abortar um filho que tá pra nascer / Mas não tem problema se teu filho nascido acabar morto / Pela mão de um cana, na favela é drama, tu só pensa em grana”, o artista evidencia a seletividade da indignação social e a inversão de valores, temas centrais do álbum "Poesias e Frustrações". Sid utiliza a música como ferramenta de protesto, denunciando como a sociedade prioriza questões morais enquanto ignora problemas graves que afetam as comunidades mais vulneráveis.

A letra também revela o cansaço e a culpa do artista diante das injustiças, sentimentos expressos no refrão: “Me sinto cansado / Desse mundo ruim, desse jogo ruim / Dessa gente ruim demais / Me sinto culpado...”. Sid enxerga a fé e a poesia como formas de resistência e transformação, o que aparece em versos como “Trago poesia de revenge” e “O rap é tipo Davi, com dois olhos na fera”. Aqui, o rap é apresentado como uma arma simbólica contra as adversidades, e a referência a Davi sugere a luta do pequeno contra o gigante, reforçando o papel do artista como agente de mudança. Metáforas como “O Senado é a bastilha” e “A liberdade apodreceu e tá me incomodando o aroma” ampliam a crítica ao sistema político e à alienação social, conectando a indignação pessoal de Sid a questões estruturais do Brasil contemporâneo.