Comigo Ninguém Pode

Afirmação e ancestralidade em “Comigo Ninguém Pode” de MC Tha

Em “Comigo Ninguém Pode”, MC Tha utiliza símbolos do cotidiano e da religiosidade afro-brasileira para afirmar sua força e identidade. Ao se descrever como “o laço bem dado”, “a flecha que voa” e “o sol que alumia”, ela associa sua trajetória a qualidades como precisão, direção e iluminação. Essas metáforas não são apenas expressões poéticas, mas carregam o peso da ancestralidade e da resistência, especialmente quando MC Tha se define como “dendê e pimenta”, elementos marcantes da cultura afro-brasileira presentes tanto na culinária quanto nos rituais religiosos. Assim, a artista reforça sua ligação com as tradições de matriz africana e valoriza suas raízes.

O refrão “E comigo ninguém pode, porque meu Santo é forte” resume o sentimento de proteção espiritual e autoconfiança, típico das religiões afro-brasileiras, onde a força do “Santo” (orixá ou guia espiritual) é vista como um escudo contra as adversidades. Ao repetir essa frase e acrescentar “porque meu povo é forte”, MC Tha amplia o empoderamento do individual para o coletivo, celebrando a força da comunidade negra e periférica. A introdução e o encerramento da música, com falas de incentivo e exaltação, funcionam como um ritual de passagem, reafirmando coragem e fé como motores de sua trajetória. Dessa forma, a canção se consolida como um hino de autoestima, resistência e orgulho das origens, transmitindo a mensagem de que, com fé e conexão ancestral, ninguém pode derrubar quem conhece sua história.