Rito de Passá

Rituais de renovação e ancestralidade em “Rito de Passá”

Em “Rito de Passá”, MC Tha transforma a repetição de “Abram os caminhos” em um chamado ritualístico, inspirado nas religiões afro-brasileiras. Nesses contextos, pedir para abrir caminhos é buscar proteção, sorte e permissão para avançar. A artista usa essa expressão para marcar o início de uma transformação pessoal, relacionando sua trajetória de superação no cenário musical com os ritos de passagem, momentos em que se deixa o antigo para trás e se abraça o novo.

Elementos como “flecha”, “relampeou”, “chuva” e “lama” remetem à natureza e aparecem em rituais de cura e renovação espiritual. Quando MC Tha canta “me refiz na lama, vi pedra rolar / Dancei com a correnteza / Me deixei pro mar”, ela sugere um processo de purificação e entrega, típico dos ritos de passagem afro-brasileiros, onde a natureza é mediadora da transformação. O trecho “cantar e dançar pra saudar o tempo que virá” reforça a ideia de celebração e respeito ao sagrado, mostrando que a música, assim como o funk, pode ser um canal de conexão espiritual e agradecimento. Ao unir o funk com referências religiosas, MC Tha cria uma ponte entre o cotidiano e o sagrado, tornando “Rito de Passá” um símbolo de renovação, coragem e gratidão.