São Jorge (part. Jongo Dito Ribeiro e Sueide Kintê)

Resistência e ancestralidade em “São Jorge (part. Jongo Dito Ribeiro e Sueide Kintê)”

Em “São Jorge (part. Jongo Dito Ribeiro e Sueide Kintê)”, MC Tha explora a fusão entre São Jorge, figura do catolicismo, e Ogum, orixá das religiões afro-brasileiras, destacando a sincretização religiosa presente na cultura brasileira. Ao cantar “Aruanda chamou, eu virei Orixá / Cavaleiro de Oxalá / Hoje eu sou defensor, guardião do luar / Sou São Jorge, Ogum Beira-Mar”, a artista une símbolos de proteção e luta, mostrando que a busca por justiça e amparo espiritual é uma tradição que atravessa gerações e diferentes crenças. A presença do jongo, ritmo afro-brasileiro, junto ao funk e elementos modernos, reforça essa ligação entre ancestralidade e atualidade, como já apontado no EP “Meu Santo é Forte”.

A letra narra uma trajetória de transformação: de menestrel que “cruzou mar e sertão” com esperança, mas encontrou tristeza, até se tornar um guerreiro que luta “por meus irmãos / Por essa terra”. Essa passagem representa a jornada de quem enfrenta dificuldades e, ao cair, renasce mais forte espiritualmente, assumindo o papel de “defensor, guardião do luar”. O refrão repetido e os versos falados — “Se você estiver sendo roubado... você não se abalará” — reforçam a ideia de proteção e resiliência, transmitindo que, sob a guarda de São Jorge/Ogum, nenhuma injustiça abala o espírito. O trecho final, “Pelo bem do meu orí, todo assunto ficará para o acerto final”, faz referência à crença de que a justiça espiritual sempre prevalecerá, trazendo esperança a quem enfrenta adversidades.