Bem Longe de Magnata (part. MC Joãozinho VT, Borges e MC Tuto)

“Bem Longe de Magnata (part. MC Joãozinho VT, Borges e MC Tuto)”

O título joga com ironia: “Bem Longe de Magnata” nega o rótulo de magnata enquanto ostenta Mercedes, BMW, ouro e notas voando. A música desenha um circuito RJ–SP como ritual de poder, citando Barra, Ipanema e Itanhangá, e o “subir o morro” que conecta asfalto e favela com trânsito seguro. No refrão de MC Tuto, “Mercedes, abre o teto do navão” cristaliza a “nave” cortando a cidade, gastando “cifrão” na noite e, se der, nem voltando pra casa. “Pista” vale tanto para a rua onde as naves rufam quanto para o baile onde a circulação acontece; “verde espirra pro alto” é dinheiro arremessado no fluxo; “ouro” e “pingentão” sinalizam status. Sexo surge como validação de prestígio — sem romance — reforçado por termos como “doutrina” (postura que atrai) e “cavala” (mulher muito desejada).

Ao mesmo tempo, há blindagem contra perreco: “visão” e “lupa” para não ser sugado, “invejoso” querendo a “senha”, parceiros “na contenção” e o recado de que “nóis chegou sem pisar em ninguém”. “Coração congelou” marca o desapego afetivo como defesa em meio à fama, enquanto slogans de grupo — “Tropa do Pisa na Cara” e “Tropa do Mantém” — constroem identidade e reputação. Quando Borges afirma “nóis é o trem de RJ e SP”, evoca uma força que atravessa fronteiras e impõe respeito. As marcas (Mercedes, BMW, Commander) simbolizam mobilidade e poder real; o trajeto Barra/Ipanema/Itanhangá mapeia o eixo do luxo, e “subir o morro” indica aval local. A collab entre MC Vine7, MC Joãozinho VT, Borges e MC Tuto, com produção de Deejhay RB, combina funk carioca com pegada de trap, gerando som encorpado de baile e rua — não à toa, passou de 24 milhões no YouTube e entrou no top 50 no Brasil, sem polêmica: entrega ostentação, noite, status e imunidade ao caos.