Minha Juventude (No Rio)

Retrato da juventude marcada pelo crime em “Minha Juventude (No Rio)”

“Minha Juventude (No Rio)”, de MC V.V, apresenta um relato direto sobre como a influência familiar e o ambiente social podem determinar o caminho de jovens em comunidades vulneráveis do Rio de Janeiro. A música destaca a naturalização do crime desde cedo, como fica claro quando o protagonista conta que, aos oito anos, já participava das atividades ilícitas do tio, incluindo tráfico e assaltos. O uso de gírias como “fifinha” e “X9” reforça a ambientação local e aproxima a narrativa da realidade de muitos jovens, mostrando que o envolvimento com o crime é, muitas vezes, resultado de um ciclo familiar difícil de romper.

A letra também evidencia o impacto emocional e prático da prisão do tio, que obriga o protagonista a assumir a responsabilidade pela “boca” (ponto de venda de drogas), acelerando a perda da juventude e da inocência. O momento em que o personagem executa o “X9” (informante) ilustra como a violência se torna uma resposta automática diante de ameaças, refletindo a lógica brutal do tráfico. Ao narrar “foram muitos anos bem tristes de visitas e homicídios lá na cana onde ele tava”, MC V.V expõe o sofrimento contínuo causado por esse estilo de vida, misturando momentos de aparente felicidade com as duras consequências do crime. A música funciona como um retrato realista das escolhas e pressões enfrentadas por jovens em contextos de exclusão social.