Pega Ladrão

Crítica social e ironia em "Pega Ladrão" expõem corrupção

"Pega Ladrão", de MC V.V, Boffe e San In Play, faz uma inversão provocativa da figura do Robin Hood. Em vez de roubar dos ricos para dar aos pobres, o protagonista declara: "Roubo do pobre e entrego pro meu". Essa escolha evidencia uma crítica direta à corrupção sistêmica, mostrando como quem deveria proteger acaba explorando ainda mais os vulneráveis. O refrão, "Se gritar pega ladrão, não fica um meu irmão", faz referência à música dos Originais do Samba e reforça a ideia de que a corrupção está tão enraizada que, se todos os culpados fossem pegos, não sobraria ninguém. Essa ironia escancara como o desvio de conduta se tornou algo comum em diferentes camadas da sociedade.

A letra também aborda a questão da responsabilidade individual, com o verso "Não escolhi essa vida, fui eu que fui escolhido". Aqui, a música ironiza a ideia de que a corrupção seria inevitável ou até um destino, criticando as desculpas usadas por quem comete crimes. O sarcasmo aparece em versos como "Me chamam de bandido, Robin hood invertido, roubo colchão de mendigo se for pra eu ficar rico", que expõem o absurdo da ganância e a falta de escrúpulos. Ao citar nomes como Jonas Borges e Jeff Bezos, a música aproxima o crime "de rua" do acúmulo de riqueza nas elites, sugerindo que, em diferentes níveis, todos participam de algum tipo de exploração. Assim, "Pega Ladrão" usa humor ácido e exagero para denunciar a hipocrisia e a amplitude da corrupção no Brasil.