A Bela e a Fera

Contrastes e redenção em "A Bela e a Fera" de Xamã

Em "A Bela e a Fera", Xamã explora o contraste entre crime e redenção para retratar uma relação intensa e fora dos padrões. Ao se autodenominar e chamar a parceira de "crime", o artista sugere que ambos vivem à margem das expectativas sociais, assumindo uma postura rebelde e desafiadora. Essa escolha reforça a dualidade do título, inspirado no conto clássico, onde beleza e ferocidade coexistem e se transformam.

A letra traz referências do cotidiano carioca, como Sepetiba, Inhoaíba e Mangaratiba, criando uma ambientação urbana e realista. Elementos como "sua boca é de jabuticaba" acrescentam brasilidade e afeto, destacando a singularidade do relacionamento. O verso "nossa vida louca Deus perdoa" mostra a consciência dos riscos e excessos, mas também uma esperança de redenção, como se o amor justificasse os erros. Já o trecho "Eu nunca quis ver você indo embora / Mas todo filme foda sempre tem um fim" revela a vulnerabilidade do eu lírico, mostrando que, apesar da postura dura, há medo da perda e sentimentos profundos. No fim, a música fala sobre dois opostos que se completam, vivendo intensamente e buscando juntos um sentido para suas vidas agitadas.