Baguá Sessions #1

Realidade crua e dilemas urbanos em “Baguá Sessions #1”

“Baguá Sessions #1”, de Xamã, se destaca pela forma direta com que retrata o cotidiano das periferias, misturando relatos pessoais e críticas sociais sem suavizar a dureza da realidade. A música vai além do tom agressivo e das referências ao crime e à violência, revelando também vulnerabilidades e dilemas morais dos personagens. Isso fica claro em versos como “A distância judia da criança / Sempre a ganância gerou ignorância” e “Aqui não tá tão fácil tirar o doce das criança”, que mostram que a vida no corre envolve perdas, escolhas difíceis e não se resume à ostentação ou sobrevivência.

O contexto da faixa reforça sua homenagem ao rap old school, com batidas boom bap e versos que valorizam autenticidade e vivência real das ruas. As referências a figuras do crime, políticos e cultura pop — “Barack Obama, Lula, Dilma e tio Osama”, “Arrancando a cabeça do Justin Bieber”, “Magneto, serial killer, Monstrolândia, Steven Spielberg” — misturam ironia, crítica e deboche para ilustrar o caos e a complexidade do ambiente retratado. O uso de gírias e metáforas urbanas, como “linha branca, o teto preto e os tubão de lança” (referência ao consumo de drogas) e “tira a carne do prato pra pôr Airmax da Nike” (prioridades distorcidas pela pressão do consumo), reforça o retrato cru da realidade, sem romantização. A música explora ainda temas como lealdade, traição e sobrevivência, com versos que mostram o peso das escolhas e a tensão constante entre confiança e perigo. Ao mesmo tempo, há espaço para orgulho e resistência, onde a arte do rap é vista como arma e escudo diante das adversidades.