BASQUIAT

Referências culturais e identidade em "BASQUIAT" de Xamã

Em "BASQUIAT", Xamã se apresenta como um artista que, assim como Jean-Michel Basquiat, mistura referências urbanas, identidade negra e crítica social em sua obra. O verso “Igual Basquiat, pinto com meu sangue” destaca a intensidade pessoal e o envolvimento emocional do rapper em sua arte, mostrando que suas experiências de vida e o contexto social em que está inserido são parte fundamental do seu processo criativo. Ao citar nomes como Tupac (“Pique Pac, all eyes on me” / tipo Pac, todos os olhos em mim), Shakira, Doja Cat e personagens de filmes de Tarantino, Xamã constrói uma narrativa visual e multifacetada, onde cada verso funciona como uma cena ou quadro, refletindo tanto sua vivência quanto a influência da cultura pop global.

A música aborda temas como amor, desejo, identidade e as dificuldades das ruas, sempre com um olhar crítico sobre as tensões sociais. O refrão “Como eu te amo, my baby” traz um tom afetivo, mas é equilibrado por imagens de violência e marginalidade, como “Duas Glock preta de vulgo twin” e “Quero a Britney chapada de pílula”. Essas dualidades mostram a busca por autenticidade e afeto em meio ao caos urbano. Versos como “Minha mãe é da Macumba, o pai dela é crente” revelam conflitos culturais e familiares, enquanto a menção à “sereia amazonense” reforça a conexão com as raízes e a ancestralidade. Ao misturar metáforas, gírias e referências diversas, Xamã transforma "BASQUIAT" em um retrato da complexidade de ser jovem, negro e artista no Brasil, usando a arte como denúncia, sobrevivência e afirmação.