Gêmeos (part. Gustah)

Dualidade e desejo em "Gêmeos (part. Gustah)" de Xamã

"Gêmeos (part. Gustah)", de Xamã, explora a dualidade do signo de Gêmeos ao criar uma narrativa urbana e sensual, marcada pelo contraste entre a "santa" e a "diaba". Essas figuras representam não só personalidades opostas, mas também o conflito entre desejo e moralidade. O uso de marcas como Louis Vuitton, Prada e Gucci reforça a ideia de múltiplas identidades e destaca o materialismo, mostrando que as diferenças entre as personas vão além do comportamento, atingindo também o estilo de vida e o status social. A música trabalha essa dualidade com humor e ironia, especialmente quando as personagens afirmam: "Baby, ninguém manda nessa raba", subvertendo expectativas e mostrando autonomia feminina.

Xamã enriquece a letra com referências culturais e metáforas, citando nomes como Madonna, Lady Gaga, Pink Floyd e até Lord Voldemort. Isso cria um ambiente onde fantasia, cultura pop e realidade se misturam. O verso "Sobe na Rocinha que não tem conto de fada" conecta o cenário realista das comunidades cariocas à ideia de que, ali, não há espaço para ilusões, reforçando o tom direto da música. O refrão, que fala abertamente sobre o desejo de um ménage, evidencia a busca pelo prazer imediato e a aceitação das incertezas e traições, características associadas ao espírito livre e contraditório de Gêmeos. O tom descontraído, com ironia e autodepreciação ("esse Xamã não vale nada"), transforma a faixa em um retrato divertido e provocativo das complexidades dos relacionamentos e da identidade.