Muito Brabo (part. LEALL)

Referências e autenticidade em "Muito Brabo (part. LEALL)"

Em "Muito Brabo (part. LEALL)", Xamã resgata o boom bap como uma forma de reafirmar sua identidade e respeito às raízes do rap nacional. A escolha do estilo não é apenas estética, mas também uma declaração de princípios, evidenciada nas referências diretas a ícones como Big, Tupac, Speedfreaks e nomes do rap brasileiro como Black, Cone, Zé Bolinho e Ret. O verso “Traz aquele Xamã que rima pra caralho” destaca esse retorno à essência, enquanto o clipe, ambientado no centro do Rio de Janeiro com estética dos anos 1990, reforça o compromisso com a autenticidade e a cultura de rua. Expressões como “muito brabo, muito abusado pro seu gosto” mostram a postura desafiadora e autoconfiante típica do rap de raiz, servindo como provocação e reafirmação da força do artista.

A letra mistura referências culturais globais e locais, criando um mosaico que vai de Nova York a Nova Iguaçu, de Kanye West a Mia Wallace (de "Pulp Fiction"), e de Copacabana Palace a barracos sobrevoados por helicópteros pretos. Essa colagem reflete a vivência urbana e as múltiplas influências de Xamã, além de trazer críticas e ironias, como no verso “Eu te amava Kanye, você se tornou Nazi-”, que faz alusão à polêmica recente envolvendo Kanye West. O trecho “Meus heróis vendiam cr- que a maioria morreu novo” expõe a realidade dura de muitos ídolos do rap, enquanto “nós é feio, nós só pega a capa de revista” ironiza padrões de beleza e sucesso. O refrão repetitivo e agressivo reforça o tom de afronta e autovalorização, enquanto metáforas como “beijo do vampiro” e “formação de Abadia” ampliam as interpretações, misturando sensualidade, perigo e referências à cultura pop e ao submundo. No geral, "Muito Brabo" é um manifesto de resistência, orgulho e autenticidade, celebrando a trajetória de Xamã e sua ligação com o rap verdadeiro.