POETA FORA DA LEI (part. Milton Nascimento, Criolo e Dino d'Santiago)

Resistência e identidade em "POETA FORA DA LEI" de Xamã

"POETA FORA DA LEI (part. Milton Nascimento, Criolo e Dino d'Santiago)", de Xamã, transforma vivências pessoais e coletivas em uma reflexão sobre identidade, resistência e autenticidade artística. O título faz referência à tradição de artistas brasileiros que desafiam normas, como Raul Seixas em "Cowboy Fora da Lei". Xamã se coloca como alguém que, por meio da poesia direta e do improviso, questiona o sistema e busca ser verdadeiro em sua arte. A participação de Milton Nascimento reforça a ligação com a história da música brasileira, enquanto Criolo e Dino D'Santiago ampliam o diálogo entre gerações e estilos musicais.

A letra mistura o cotidiano urbano com elementos espirituais e culturais. Quando Xamã diz "voltar do Vietnã, deixou nós tudo fudido", ele usa a guerra como metáfora para traumas e desafios enfrentados, sugerindo que a luta é constante e deixa marcas profundas. Referências a Djonga e Fleetwood Mac mostram a diversidade de influências do artista. Versos como "as pessoas são livros" e "se livros fossem líquidos, quais seriam seus colírios?" exploram a complexidade das histórias e emoções humanas. O trecho "no chão de sangue pisado de um povo esquecido nasceu um lírio" traz a imagem de esperança e beleza surgindo da dor, reforçando o papel do artista como voz de resistência.

A música também fala sobre superação e realização de sonhos, como em "hoje eu vivo em Hollywood, coisas que eu imaginei", mostrando que é possível vencer adversidades. O refrão "milagre, nós somos milagre" resume a ideia de sobrevivência e resiliência diante de um sistema opressor. Menções à capoeira e ao jiu-jitsu destacam a força e diversidade das raízes brasileiras. Assim, "POETA FORA DA LEI" é um manifesto sobre autenticidade, resistência e a transformação da dor em arte, conectando passado e presente na celebração da criatividade e da luta por voz e espaço.