Preguiça (part. Predella e Nog)

Provocação e crítica social em “Preguiça (part. Predella e Nog)”

"Preguiça (part. Predella e Nog)", de Xamã, se destaca por unir irreverência, ostentação e crítica social em uma narrativa marcada por referências pop e autorreferências. A música utiliza metáforas e trocadilhos para construir imagens de poder e identidade, como em “Quero fazer um sexo, imbicar pra Bangkok / Tiranossauro Rex, old school, Michael Jackson dos pops”, onde Xamã mistura sexualidade, cultura pop e domínio no rap. O refrão “Cara talentoso, meio preguiçoso” ironiza o estereótipo do artista desleixado, ao mesmo tempo em que valoriza o talento e a postura ameaçadora dos rappers, sugerindo que até na preguiça existe habilidade e respeito.

Um ponto central da faixa é a polêmica envolvendo o verso de Nog: “Deixa ela dormir que se ela vira, eu como / Boto o cano na goela e atiro gozo”. O trecho foi interpretado por muitos como apologia ao estupro, gerando críticas e levando à retirada da música do YouTube. Nog e a gravadora se pronunciaram, afirmando que não houve intenção de incentivar a “cultura do estupro”, mas a ambiguidade do verso expõe os riscos do rap ao explorar limites do humor ácido e da transgressão. Isso evidencia como a música, além do deboche, também carrega responsabilidades e pode provocar debates importantes sobre o discurso artístico.

No geral, “Preguiça” celebra o estilo de vida do rap, com menções a festas, drogas, sexo e ostentação, mas também faz críticas ao sistema, como em “O meu país eu sei que é um lixo, é um de terceiro / Eu vivo memo, vi meu erro, eu acudi / Se eu tô aqui é que mereço”. A faixa mistura humor, sarcasmo e autocrítica, mostrando que, por trás da aparente preguiça, existe enfrentamento e sobrevivência diante das dificuldades do cotidiano.