Rio de Janê (part. Tiankris)

Cotidiano carioca e afetos em “Rio de Janê” de Xamã

Em “Rio de Janê (part. Tiankris)”, Xamã utiliza a abreviação do nome da cidade no título para criar uma atmosfera de proximidade e informalidade, refletindo a linguagem das ruas do Rio de Janeiro. A música mistura referências culturais, situações do dia a dia e dilemas pessoais, mostrando tanto os desafios quanto os prazeres de viver na cidade. O verso “Eu tô devagar, tomo um café com fumaça / Preto e quente, noite pós-cachaça” retrata o clima de ressaca e recomeço, típico de quem vive intensamente a noite carioca, mas precisa encarar a rotina do dia seguinte.

A letra aborda temas como a busca por aceitação, o contraste entre o desejo de uma vida comum e a escolha pelo caminho artístico, além das relações familiares e amorosas. Xamã expõe suas contradições em “Eu confesso, já quis ter um trabalho normal / Almoço de família com meu tio zuando geral”, ao mesmo tempo em que valoriza sua origem: “Eu vim do lado black da força / Eu sou Darth Vader”. As referências a artistas como Jimmy Gal, James Brown, Legião Urbana, Rage Against e Sabotage mostram a diversidade de influências, enquanto menções a lugares como Vidigal, Lapa, Angra e Columbandê situam a narrativa no contexto carioca, misturando realidade e sonho.

O refrão, cantado por Xamã e Tiankris, expressa o desejo de estar com alguém especial, contrapondo a dureza da rotina com momentos de afeto e escapismo: “Que horas que eu vou ver você? / Da janela do busão eu vejo o anoitecer / Vou passar um domingão em Angra / Sem você, meu peito sangra”. Essa alternância entre o cotidiano urbano e o desejo de fuga para lugares paradisíacos reforça a dualidade da música: a vida difícil, mas cheia de pequenas alegrias e esperanças, típica do Rio de Janeiro retratado de forma autêntica.