Taxi Drive (part. Major RD)

Ironia e crítica social em “Taxi Drive (part. Major RD)”

Em “Taxi Drive (part. Major RD)”, Xamã e Major RD exploram a ironia ao abordar a felicidade como uma performance, especialmente evidente no refrão: “Eu vi você fingir que era feliz numa live”. Essa frase critica diretamente a superficialidade das redes sociais, conectando-se ao ambiente urbano e à sensação de alienação. O título faz referência ao filme “Taxi Driver”, de Scorsese, e também brinca com o termo “test drive”, sugerindo que a vida e os relacionamentos são experimentos temporários, como uma corrida de táxi, onde nada é definitivo.

A música é rica em referências culturais e literárias. “Amores de Platão” remete ao idealismo romântico, enquanto “Robin Hood, cosmonauta ladrão” mistura o arquétipo do fora-da-lei com a ideia de fuga e busca por liberdade, talvez até justiça, em outros “mundos”. A menção ao “Pavão-Pavãozinho” traz à tona a realidade das favelas cariocas, mostrando que, apesar das viagens metafóricas e do tom irônico, a canção está ancorada em experiências reais e tensões sociais. O verso “Meu bem, a culpa é das estrelas e também dos meus directs” une a fatalidade do amor (referência ao livro de John Green) com a efemeridade dos relacionamentos virtuais, reforçando o contraste entre o desejo de profundidade e a superficialidade dos contatos modernos.

A parceria entre Xamã e Major RD intensifica o tom de desabafo e ironia, alternando críticas sociais, referências pop e confissões pessoais. O jogo de palavras e as múltiplas camadas de sentido fazem da faixa um retrato complexo da juventude urbana, marcada por incertezas, busca por sentido e o constante equilíbrio entre o real e o virtual.